Eucalipto sobe ou desce? O solo, protegido ou destruído? E outras perplexidades

6-fevereiro-2022

GRANDES TEMAS DO PENSAMENTO
E DA AÇÃO AMBIENTAL

Este boletim A Todas as Sementes, além de servir quando possível de apontador para artigos do espaço digital da Campo Aberto, tem esta versão regular mensal para artigos de outros coletivos ecoambientais portugueses.

Recentemente, devido à pressão imobiliária, vimo-nas na necessidade de ter que mudar de sede, o que implicou para nós alguma despesa não prevista e não desprezível dada a sobriedade do nosso orçamento, e que teremos que cobrir. É o momento em que decidir-se por se tornar sócio, oferecer uma adesão por um ano a alguém ou optar por qualquer outra modalidade de apoio, incluindo donativos pontuais, será para nós especialmente bem-vindo. O nosso agradecimento antecipado aos que puderem fazê-lo.

Para informações complementares: contacto

Em anexo uma ficha de adesão como sócio à Campo Aberto, se achar que a associação justifica que a apoie. Se já é sócio, pode usá-la para que um colega, familiar ou amigo se torne sócio. Ou para oferecer a um deles uma adesão por um ano, ficando a renovação no ano seguinte a cargo do novo sócio. Esta última modalidade pressupõe que a pessoa em causa tenha conhecimento da oferta previamente (sem compromisso de renovação no ano seguinte). Para concretizar, envie um email para:

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ABERTURA: PERPLEXIDADES CÁ DENTRO E LÁ FORA

Várias associações, entre as quais a Quercus, contestaram a Portaria do governo, de 5 de janeiro (n.º 18/2022), em que este altera os Programas Regionais de Ordenamento Florestal – PROF, de fevereiro de 2019, vendo nela a luz verde para o aumento da área de eucalipto por concelho do país, que criticam.

Mas o governo acha que não, que não vai haver aumento.

Uma perplexidade.

Na revista Nature, de grande prestígio, foi publicada uma recensão sobre o livro «Um mundo sem solo: o passado, o presente e o futuro precário da Terra sob os nossos pés», de Jo Handelsman (Yale University Press, 2021: A World Without Soil: the Past, Present and Precarious Future of the Earth Beneath Our Feet).

Jo Handelsman e a investigadora ambiental Kayla Cohen, que apoiou a autora na pesquisa para o livro, apelam os governos do mundo a uma urgente proteção do solo, única maneira de salvaguardar a alimentação da humanidade.

(Nature n.º 601 (2022): nature.com/articles/d41586-022-00158-8)

Já a FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura lançou há anos um programa para chegar em 2030 à neutralidade na degeneração do solo a nível mundial. Portugal subscreveu esse programa e encontra-se igualmente obrigado a inverter a tendência de destruição dos solos ao abrigo das orientações da União Europeia sobre o assunto, que convergem com as da FAO.

Mas o governo português não parece atribuir grande prioridade ao tema, a ponto de, talvez há uns 3-4 anos, ter sido chamado à pedra pelo Tribunal de Contas, que considerou a execução desse compromisso internacional débil e preocupante. Claro, o ministro do ambiente veio logo dizer que havia apenas umas pequenas coisas a retificar, tudo o resto ia de vento em popa. E não se ouviu mais falar no caso.

Dá que pensar.

Estas são apenas algumas das perplexidades que nos suscitam os muitos assuntos abordados neste boletim A Todas as Sementes, de fevereiro de 2022.