Poema

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SOBRE CONSTRUÇÕES

Construo minha casa com a argamassa

dos dias cinzentos e coloridos. Inicio

pelo detalhe de viver e ter a certeza

da necessidade da construção.

Cerco o terreno em flores e crio

frutos proibidos: minha alimentação

enquanto a obra avança ao teto.

Obro portas e janelas oxigenadas

ao interior dos ranços trazidos.

Refaço os móveis na quantidade

dos dias em que morarei na casa

acerto na macieza do assento a saliência

do colchão e na tepidez da pedra o correr

da água na escuridão do quarto.

Completo a mudança

e me retiro: toda casa prende

os corpos em martírio.

(Pedro Du Bois, inédito)

https://pedrodubois.blogspot.com/